Precisamos de conexão. Somos seres coletivos e estar em contato com outros seres humanos é o que nos move. Para muitos, isso ficou ainda mais em evidência com o isolamento social, não é mesmo?
Boa parte de nossa vida gira em torno das relações e isso envolve estar exposto. No entanto, fomos criados em uma sociedade que definiu “padrões” de sucesso e de beleza.
Crianças, jovens e adultos, pouco a pouco, deixam de perceber o próprio potencial por não se encaixarem nesses “modelos de perfeição”. Com a chegada das redes sociais e a facilidade de manipular fotos e informações, esse desafio tornou-se ainda maior.
Sendo assim, ao longo de nossa vida, para proteger nossas “fragilidades”, desenvolvemos mecanismos emocionais, máscaras que camuflam nossos verdadeiros sentimentos e emoções.
Em alguns casos, a mulher guerreira e batalhadora, considerada um exemplo de garra, na verdade, está exausta. O presidente bem-sucedido, apenas queria poder passar mais tempo com os filhos. A profissional produtiva e workaholic, se esconde atrás do trabalho por medo de se dedicar ao que realmente gosta e não ser aceita pela família.
O medo da rejeição, do que é considerado fracasso e de não ser bom o suficiente tem nos sufocado há décadas. Tudo em busca da “tal perfeição”.
No entanto, quando fugimos de sentir verdadeiramente nossas emoções, também nos fechamos para a aceitação, a criatividade e o fluxo natural dos nossos talentos. Perdemos a oportunidade de sermos originais, nos tornando meras cópias.
Por isso, as pessoas que se defendem a todo custo do erro e do fracasso acabam se frustrando e se distanciando das experiências marcantes que dão significado à vida. Não à toa, os casos de depressão têm crescido tanto, especialmente no Brasil.
Agora, gradualmente, as empresas estão voltando a funcionar. Mesmo com as medidas de isolamento necessárias, o retorno nos convida a conviver novamente uns com os outros sem a proteção de uma tela de computador.
E se, dessa vez, você se permitir fazer diferente e descobrir como a vulnerabilidade pode transformar sua vida e suas relações, inclusive profissionais? Para isso, você terá de ser vulnerável!
Após 20 anos de pesquisas sobre medo, vergonha, vulnerabilidade e coragem, Brené Brown, autora do livro A Coragem de Ser Imperfeito, revelou importantes insights sobre a vulnerabilidade e seus mitos. Confira quais são eles:
1. Vulnerabilidade é sinônimo de fraqueza: vulnerabilidade é ter a coragem de se expor, mesmo sem poder controlar o resultado. Ou seja, por mais que esse mito seja amplamente difundido, ele não faz sentido algum. Apenas os corajosos e dotados de inteligência emocional é que têm a ousadia de se revelarem como são.
Vale lembrar que inteligência emocional é a habilidade de gerenciar as próprias emoções. Isso não quer dizer ser feliz e otimista o tempo todo. Todos nós passamos por desafios e dias ruins e temos o direito de não estar bem a todo o momento. Assumir nossa vulnerabilidade, nos torna mais fortes.
2. Vulnerabilidade não combina comigo: não expor suas emoções, como citado acima, não é sinônimo de força, mas de repressão. Ser vulnerável não é apenas uma escolha, mas uma condição inerente a todos os seres humanos. Mesmo que você não expresse suas emoções, você as sente. É vulnerável a si mesmo. Então, que tal aceitar e aprender a lidar com isso de uma forma mais saudável?
3. Vulnerabilidade é fazer da minha vida um livro aberto: aqui chegamos a um ponto bem importante. Até agora, falei da importância de se expor, mas isso não quer dizer que você deva fazer isso para qualquer pessoa, ou situação.
A vulnerabilidade é fundamentada na reciprocidade e exige limites e confiança. Ser vulnerável é compartilhar suas experiências e sentimentos com pessoas que conquistaram o direito de conhecê-los. Porém, muitas vezes confiar e ser vulnerável antes de ter certeza sobre a reciprocidade, é justamente o que cria conexão entre as partes. Confie na sua intuição e no seu discernimento para saber como agir em cada situação.
4. Eu dou conta de tudo sozinho, não preciso me expor: e se eu te contar que isso é um traço de personalidades orgulhosas? Não, você não precisa provar sua força a ninguém e sua jornada pode ser muito mais confortável. Todos precisam de apoio. Além disso, a coragem de enfrentar a vulnerabilidade encoraja outras pessoas que estão próximas de você a fazer o mesmo.
Ser vulnerável é um processo de autodesenvolvimento sem fim e, sim, exige dedicação para construir novos hábitos.